quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Umbria e suas Castas



Montefalco

Por Rodrigo Mammana


A Umbria sempre foi uma região um pouco " ofuscada" por ser vizinha da famigerada Toscana, porém de um tempo para cá começou a ser mais conhecida, fazendo com que seus excelentes vinhos não fiquem limitados apenas ao consumo local. Muitos conhecem a estrela da região, o Sagrantino de Montefalco, mas existem diversas outras opções que costumam apresentar uma boa relação custo-benefício. A seguir a descrição de algumas das principais castas utilizadas na Umbria:

Castas Brancas:

- Grechetto: Houve uma época que pensavam que a Grechetto era uma sub-variedade da Greco . Na verdade ela é a melhor uva branca nativa da Umbria. Muitos produtores a vinificam como varietal ou a colocam junto da Orvieto ou até mesmo com a Trebbiano para fazer um blend.

- Trebbiano: Essa variedade muito propensa a mutações está espalhada por toda Umbria, sendo que a subvariedade mais popular é a Trebbiano Toscano. Existe também uma distinta sub-variedade chamada Trebbiano Spoletino ( dado devido ao nome da cidade Spoleto ).

- Chardonnay: Ficou famosa na região por causa do vinho " Cervaro della Sala " do produtor Castello della Sala, que combina a Chardonnay com a Grechetto criando um branco de alta qualidade e muito rico em complexidade.

- Outras Castas: Verdello ( usada em blends em Orvieto, Torgiano e Colli Trasimeno); Drupeggio, o nome da Canaiolo Bianco na Umbria, uma variedade usada para cortes também encontrada na Toscana.

Castas Tintas:

- Sangiovese: Considerada uma " importação" da Toscana, é a casta mais plantada na região. É encontrada na maioria das regiões DOC da Umbria.

- Sagrantino: Encontrada apenas na Umbria, sua origem é um pouco incerta. A área plantada é muito pequena , apenas 100 hectares. Resulta em vinhos profundos, escuros e muito tânicos com notas exóticas de especiarias.

- Gamay: Apesar de mais conhecida em Beaujolais, essa variedade existe em muitas regiões da Itália, sendo que na Umbria tem uma participação significativa na DOC Trasimeno, sendo que algumas vezes é vinificada como varietal.

Outras Castas: Cabernet Sauvignon, sendo usada cada vez mais em blends IGT e VdT ( já se fala em " super-umbria", em alusão aos supertoscanos); Merlot, também popular nos blends da nova geração; Canaiolo, uva nativa da Toscana utilizada em Torgiano e mais alguns locais.


referência: Vino Italiano: The Regional Wines of Italy - David Lynch e Joseph Bastianich



 


Fraca Colheita Mundial de 2012 Ocasionará Escassez de Vinhos



O tempo ruim afetou as colheitas de diversos países ao redor do mundo.

A OIV ( International Organisation for Vine and Wine) diz que a produção global de vinhos cairá para o  nível mais baixo desde 1975.

Os mais atingidos foram os produtores da Argentina, onde a produção cairá 24% e também os dois maiores produtores do Mundo: Itália e França.

A OIV afirmou também que a queda na produção fará com que os preços subam de maneira expressiva.

A sede mundial por vinhos está crescendo, especialmente nos países em desenvolvimento, e espera-se que a demanda ultrapasse a produção esse ano.

 O diretor da organização, Federico Castellucci, diz: " Estamos mergulhando em nossas reservas para atender a demanda" .

Espera-se que a produção global caia para menos de 250 milhões de hectolitros. Ano passado a produção foi de 265 milhões de hectolitros.

O país produtor que mais quebrará essa tendência será os Estados Unidos, que esperam obter um crescimento de 7% na produção.

Fonte: BBC News


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Itália Aprova Rolhas Sintéticas Para DOC e DOCG

As autoridades italianas aprovaram a utilização de rolhas sintéticas e screwcaps para os vinhos de alta qualidade, os DOC e DOCG.

Prats ( ex- Estournel ) Agora se Junta a LVMH



Jean Guillaume Prats, que recentemente anunciou sua saída do Chateau Cos d'Estournel do qual era diretor , ocupará um novo posto na empresa " Estates & Wines", pertencente ao grupo LVMH e que produz os rótulos Cloudy Bay, Cape Mentelle e outros vinhos de prestígio.

Christophe Navarre, da Moet Hennessy Wines & Spirits anunciou Prats como CEO da Estates & Wines.
Quando efetivado em fevereiro de 2013, Prats irá se instalar em Paris e será membro do comitê operacional da LVMH. Desde 2011 Prats era chairman dos Domaines Reybier e Chateau Cos d'Estournel.
" Eu fiz a escolha de deixar o Cos d'Estournel depois de ter tido o privilégio de dirigir a vinícola por 14 anos - disse Prats à Decanter por email. " E eu me juntei ao grupo LVMH com grande entusiasmo".

O portfolio da Estates & Wines inclui Cloudy Bay, Cape Mentelle, Terrazas de los Andes, Cheval des Andes, Newton Vineyard, Numanthia e Chandon.

fonte: Decanter



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Gravner e seus Vinhos de Ânfora

O famoso produtor Josko Gravner explica que sua visita à Georgia para conhecer as antigas técnicas de vinificação o motivou para que produzisse seus vinhos em ânforas na Itália.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Preços do Porto vão Subir




Normalmente é brandy em excesso que causa dor de cabeça, e não em escassez. Entretanto a indústria do Porto está enfrentando um sério problema de falta de aguardente vínica para fortificar seus vinhos, de acordo com um grande produtor.

Diversos fatores causaram o problema. Primeiramente os subsídios da União Européia para destilação ( para diminuir o chamado " wine lake" ) terminaram em 2010. Esses incentivos causaram uma enorme oferta de destilados de pior qualidade que não interessa aos produtores de bons vinhos do Porto. Agora que a produção européia de vinhos foi suficientemente reduzida ( arrancando-se videiras e diminuindo a produtividade), o subsídio não é mais necessário, causando uma elevação nos preços dos destilados.

Em segundo lugar, os russos aparentemente desenvolveram uma maior apreciação por brandy, desviando o mercado ainda mais. Aparentemente mesmo brandys baratos possuem uma melhor imagem de qualidade na alta sociedade, dando mais status que as vodcas mais simples.

Outro fator - talvez o mais inesperado: a matéria prima do destilado, o mosto de uvas, está em alta demanda para a produção de sucos e drinks não-alcoólicos. Os fabricantes podem anunciar " 100% suco de fruta sem adição de açúcar", o que dá um bom apelo comercial (se usassem açúcar de cana não o poderiam fazer).

Tudo isso fez com que o aumento no preço do brandy fosse de 0,98 libras por litro há 4 anos atrás para 4 libras em 2012. Acoplando-se isso à mediana safra que houve no Douro ( assim como na maioria da Europa), existe apenas um caminho possível: Os preços dos vinhos do Porto subirão ano que vem pelo menos 10%.    

fonte: Richard Hemming

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Piemonte Detalhado


Fatos Fascinantes Sobre o Vinho na Bíblia




É difícil imaginar que uma vinha selvagem, vitis vinifera, se tornou depois de milhões de anos algo em torno de 10 mil variedades de uvas, incluindo o Chardonnay da California ou o Malbec argentino que você está saboreando....nesse exato minuto.
Os seguintes 5 fatos do livro " Divine Vintage: Following the Wine Trail from Genesisto the Modern Age" , de Randall Haskett e Joel Butler certamente vão te surpreender ( o livro será lançado dia 13 de Novembro):


  • Em 2011 a mais antiga evidência de produção de vinho foi descoberta no sul da Armênia. A escavação de um local com  6 mil anos revelou uma cuba de fermentação, os restos de um copo feito com chifre de algum animal, jarras, uvas secas, sementes e malvidina, um componente que dá cor aos vinhos tintos.
  • é possível que os israelitas, muito antes de Dom Perrignon em Champagne, criaram o vinho espumante, nesse caso tinto, muito difícil de ser controlado e recriado : " Para um copo nas mãos do Senhor,e o vinho espuma" ( Salmos 75:8)
  • As pessoas assumem que o vinho de antigamente era tinto. Porém pesquisas recentes em tumbas egípcias sugerem que vinhos brancos foram introduzidos antes da metade do segundo milênio antes de Cristo.
  • A primeira crítica de vinhos ocorreu no século II , quando Athenaeus descreveu um vinho branco elaborado próximo ao lago Mareotis ( localizado no atual Egito) que aparentemente era seco: " Excelente, branco, fragrante, agradável, fácil de assimilar, magro, não aparentemente de " ir para a cabeça " e diurético" .
  • Os antigos apreciavam vinhos bem evoluídos. Vinhos de 30 anos foram deixados na tumba do rei Tutankamon para ser apreciado na vida após a morte...


fonte: mercurynews.com


Vale do Loire em 1900 - Uma Viagem no Tempo




Sologne é uma região em sua maior parte coberta por árvores localizada ao sul de Orléans e Blois, no Vale do Loire, hoje em dia local de algumas denominações controladas tais como Cheverny, Cour-Cheverny e Orleans- Clery. O vinho ali produzido era para consumo próprio, assim como em diversas outras regiões da França.
Não podemos nos esquecer também que a foto foi tirada bem na época que a Philoxera estava devastando os vinhedos europeus.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Você Sabe o que é um Vin de Paille?




Vin de Paille é o termo francês para “ vinho de palha” ( Strohwein na Alemanha), um pequeno grupo de vinhos brancos doces necessariamente caros, porém frequentemente deliciosos e longevos. São essencialmente um sub-grupo dos vinhos elaborados com uvas secas, no caso  em mantas de palha.  
No catálogo de vinhos de Cyrus Redding , do século XIX fica evidente que esses vinhos eram muito mais comuns naquela época, e além de encontrá-los na região de Hermitage ( ermitage-paille , que existem até hoje ), também há registros em Jura, Alsácia e Correze. Na mesma época alguns produtores de Rust, na Áustria também utilizavam a técnica.
Atualmente a produção dessa raridade se resume a safras onde as uvas atingiram altos graus de maturação em Hermitage, Arbois, ocasionalmente L’Etoile e Côtes Du Jura. Por muito tempo no século XX não se produziu vin de paille em Hermitage, mas Gerard Chave reviveu a prática com uvas Marsanne saudáveis e sem colheita tardia em 1974, e logo foi seguido por Chapoutier e outros produtores.
Hoje em dia os produtores da Jura normalmente secam suas uvas Savagnin, Poulsard ou Chardonnay em caixas ao invés de deixá-las ao ar livre nas esteiras. O potencial mínimo alcoólico deve ser 19% ( ao contrário dos 14% de Hermitage). As uvas normalmente são prensadas em janeiro e 100KG de uvas rendem menos de 20 litros de suco. Os produtores de Jura precisam necessariamente amadurecer seus vin de paille em tonéis por pelo menos 3 anos e os vinhos precisam possuir um teor alcoólico de pelo menos 14%. São capazes de envelhecer por muitos anos na garrafa.
Alguns experimentos estão sendo realizados na Alsácia.


Referências:
Livingstone- Learmonth, J., The Wines of the Northen Rhône ( Berkeley, 2005)

Salon: Uma Jóia Preciosa da Champagne

Um dos mais caros e famosos Champagnes existentes, o S de Salon é feito apenas em anos especiais.

Conheça um pouco mais sobre a obra prima através desse interessante vídeo


Mapa das Regiões Vinícolas Alemãs


Mapa de Languedoc e Roussillon


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A CERVEJA NACIONAL É FEITA DE MILHO?



Por Gilberto Medeiros, diretor jurídico da SBAV/SP)

Os leitores da SBAV-SP devem estar se perguntando: a SBAV não é uma associação dedicada ao vinho? Sim, a SBAV-SP é uma associação dedicada ao vinho e também a outras bebidas que nos conferem prazer, desde que degustadas com parcimônia e com responsabilidade.
Por isso, hoje vamos tratar de um assunto um pouco diferente, mas que igualmente faz parte de uma paixão nacional: a cerveja.
Como sabemos, a cerveja é uma das bebidas que conferem prazer gustativo ao brasileiro, e que por motivos climáticos e históricos é a bebida mais consumida aqui na terra brasilis.
E por tal motivo, sempre há um certo orgulho de nós, brasileiros, quanto à cerveja produzida por aqui. Esse orgulho, somado a um certo bairrismo, nos faz com que sempre perguntemos a um estrangeiro, principalmente aos europeus, o que acham da qualidade de nossa cerveja.
E a resposta, invariavelmente, é um certo desdém, um certo “torcer o nariz”, ao dizerem que a nossa cerveja é muito leve, quase que apenas água, ou seja, é muito diferente das cervejas consumidas por lá. E de certa forma não estão errados, como veremos a seguir.
Mas afinal, o que é a cerveja? A definição mais simplista de uma cerveja é uma bebida alcoólica carbonatada, produzida com água e a fermentação de materiais com amido, principalmente cereais maltados como a cevada e o trigo, podendo-se utilizar outros ingredientes como lúpulo, fermento, e ainda frutas, ervas e outras plantas.
Ocorre, entretanto, que esta bebida milenar (os sumérios e os egípcios antigos já bebiam cerveja) é mais complexa do que imaginamos, posto que existe, mundo afora, diversos tipos diferentes de cerveja (veja que para ser cerveja, basta seguir aquela definição acima).
Assim, não é incomum ouvirmos falar sobre cervejas Pilsen (ou Pilsener), Bock, Stout, Weissbier, Red Ale etc.
Mas o que quer dizer tudo isso?
Bem, para explicarmos, primeiro temos que procurar distinguir os tipos de cerveja existentes. E esses tipos são formados, basicamente, por dois grupos de cerveja, que se diferem pelo tipo de levedura que utilizam e sua atuação durante o processo produtivo, e que possuem várias subespécies.
São elas:
1) Lagers (pronuncia-se lá-guer): Originárias da Europa Central, é um tipo de cerveja fermentada com uma levedura que trabalha melhor em temperaturas mais baixas. Geralmente são produzidas em baixas temperaturas, entre 6 e 12°C. São as cervejas mais consumidas no mundo, tendo como expoente as cervejas da subespécie Pilsen, ou Pilsener. Normalmente são cervejas douradas e filtradas, mas algumas variações são escuras, e geralmente possuem graduação alcoólica entre 4 e 6%. Algumas de suas subespécies:
- Pilsen (ou Pilsener): Cerveja originária da cidade de Pils, na atual República Tcheca. É a cerveja mais consumida no mundo. Tem sabor delicado (leve amargor), leve, clara, filtrada e de baixo teor alcoólico (entre 3% e 5%).
- American Lager: Cerveja leve e refrescante, feita para matar a sede e serem bebidas bem geladas. É o tipo de cerveja mais consumida nos Estados Unidos, tendo como exemplo a Budweiser. A maioria das cervejas populares no Brasil, como Skol, Brahma, Antartica e outras, são deste tipo, embora apresentem em seu rótulo a denominação de Pilsen (mas para este que escreve, para serem uma verdadeira Pilsen falta corpo/cevada), e correspondem a pelo menos 95% das cervejas consumidas por aqui.
- Bock: Cerveja originária da cidade de Einbeck, na Alemanha. Esta cerveja também tem grande aceitação mundial, e geralmente são avermelhadas ou marron. São fortes, encorpadas e possuem um complexo sabor maltado devido às misturas de maltes. De graduação alcoólica alta, geralmente entre 6% (tradicionais) e 14% (Eisbock).
- Dunkel: São cervejas escuras-avermelhadas, produzidas originalmente em Munique, na Alemanha. Possuem sabor maltado, derivado de maltes torrados, possui baixo corpo, e de paladar seco.
- Malzbier: Cerveja escura e doce, de graduação alcoólica baixa, na faixa dos 3 a 4,5%. Trata-se de uma cerveja em que, após sua filtração, são adicionados caramelo e xarope de açúcar, de onde vem sua coloração escura (que não vem do malte tostado) e o sabor adocicado. Embora ainda seja muito conhecida aqui no Brasil, não é encontrada mundo afora, e na Alemanha, seu país de origem, não é tratada mais como cerveja, e sim como bebida energética.
2) Ales (pronuncia-se êiol): Este tipo de cerveja é produzido a partir de cevada maltada, usando uma levedura que trabalha melhor em temperaturas mais elevadas, geralmente entre 15 e 24°C. São, portanto, cervejas de alta fermentação, que possuem sabores complexos (mais malte e mais lúpulo), mais frutado e são mais encorpadas e vigorosas. Algumas de suas subespécies:
- Pale Ale (pronuncia-se pêiol êiol): São as Ales claras, com graduação alcoólica até 6%. Foram criadas na Inglaterra para competirem com as cervejas Pilsen durante a Segunda Guerra Mundial, portanto compartilham a característica de serem mais suaves. Possuem coloração âmbar, baixo-médio corpo, e saboroso amargor.
- Amber/Brown/Red Ale: Similares às Pale Ale, diferenciam-se destas últimas na coloração, mas as acompanham em corpo e potência. A Red Ale, por exemplo, é avermelhada devido ao uso de um pouco de malte tostado.
- Strong Ales: Denominação genérica que inclui uma variada gama de cervejas que podem ser claras ou escuras. Possuem alto teor alcoólico, que vai de 6% e pode chegar a 12%. Dentro deste grupo está a Old Ale britânica Fuller’s.
- Stout (pronuncia-se istaut): Cevejas escuras (negras), na cor café, opaca, dotada de forte sabor de chocolate, café e malte torrado e possui pouca carbonatação. Possui alto teor alcoólico, de 8 a 12%, e sua representante mais famosa é a irlandesa Guinness.
- Porter: Comumente confundida com a Stout, são igualmente escuras, mas típicas da Inglaterra. É um pouco mais suave que sua parente Stout (de 1 a 2% a menos de álcool), porém possui aromas e gosto parecidos com aquelas.
- Weissbier: É uma cerveja feita a base de trigo, e originária da Baviera, sul da Alemanha. Tem cor clara e opaca e geralmente não são filtrada, sobressaindo o trigo com a qual foram produzidas. Tem sabores frutados (banana e maça), e olfato de especiarias (especialmente cravo) e florais. É uma cerveja bastante refrescante e de graduação alcoólica moderada (entre 5 e 6%)
3) Outras denominações: Além das “famílias” acima definidas, destacamos também outras denominações, que para este que escreve não chegam a ser consideras “grupos” distintos de cervejas, mas merecem esta análise. São elas as excelentes cervejas belgas denominadas de “Trapistas”, as “Abbey”, as Lambics e o tradicional “Chope”, a seguir definidos:
- Trapistas: Originárias da Bélgica, são cervejas produzidas sob supervisão de monges da Ordem Trapista. São produzidas em apenas sete mosteiros, seis localizados na Bélgica (que produzem as cervejas Westvleterem, Chimay, Orval Achel, westmalle e Rochefort), e um na Holanda  (que produz a cerveja La Trappe). Apenas esses mosteiros têm o selo de qualidade e denominação trapista. Para alguns, inclusive para este que escreve, são consideradas as melhores cervejas do mundo. Trapista não identifica o tipo de cerveja (embora elas possam ser consideradas um tipo exclusivo de Ales, posto que são cervejas de alta fermentação e complexas), apenas indica que foi produzida sob a supervisão de monges da Ordem Trapista. São cervejas com complexidade aromática e gustativa impressionantes. São encorpadas, de coloração marrom escura com uma densa espuma bege. Dá para sentir o gosto do malte torrado e um leve sabor frutado no fim do gole. Algumas cervejas trapistas possuem tempo de guarda de mais de 10 anos.
- Abbey (ou Cerveja de Abadia): Também originárias da Bélgica, são cervejas parecidas com as trapistas em termos de fermentação, coloração, olfato e sabor, entretanto, não possuem origem controlada como aquelas. Podem ser produzidas em grande fábricas e comercializadas normalmente, desde que sua receita original tenha sido originária de uma abadia, a qual pode ou não ser de uma ordem trapista. Poderíamos dizer que se tratam de uma “trapista genérica”, mas penso que este termo seria desmerecer uma cerveja tão boa quanto as trapistas.
- Lambics: São cervejas de fermentação espontânea, em que as leveduras selvagens existentes no ar fornecem a fermentação. São feitas de trigo, porém não são adicionadas leveduras no mosto, ficando a fermentação a cargo dos agentes naturais, os quais são encontrados somente numa pequena área ao redor de Bruxelas (sim, também é originária da Bélgica). Daí sua dificuldade em encontrá-las, bem como seu preço elevado. É um tipo peculiar de cerveja, pródigas em aromas, que vão de frutado (cereja, framboesa, banana...) ao extremamente cítrico.
- Chope: Também chamado chopp, vem da palavra alemã Schoppe (mais exatamente do dialeto Alsaciano), nome de uma caneca de quase meio litro. Nada mais é do que uma cerveja não pasteurizada. Por esse motivo, pode ter variações assim como acontece com a própria cerveja, seguindo vários dos estilo acima citados (por exemplo, o nosso chopp claro, faz parte do grupo das Americans Lagers, enquanto o chopp Guiness faz parte do grupo das Stouts).

Bem, feita esta análise inicial, vamos ao que realmente interessa, observando que este pequeno post não tem a intenção de fazer um tratado sobre a cerveja, mas sim tratar de assunto talvez um pouco indigesto, qual seja, a adição de milho, no lugar da cevada (este, o ingrediente mais importante para a produção da cerveja).
Em recente edição do Jornal Folha de São Paulo (edição de 06/10/2012), foi publicada a seguinte matéria: “Cerveja nacional tem muito milho, diz pesquisa da USP”.
Naquele matéria, de autoria de Reinaldo José Lopes, editor do caderno, “ciência e saúde”, deu-se destaque a uma pesquisa em que se constatou que grandes marcas do país chegariam perto de usar 50% de milho, no lugar da cevada, para produzir a cerveja.
 A matéria destaca que em “uma das análises químicas mais completas já feitas com marcas de cerveja do Brasil e do exterior dá peso a uma tendência que estudos menores já indicavam: as grandes marcas nacionais têm elevadas quantidades de milho em sua composição, embora a matéria-prima tradicional da bebida seja a cevada”.
Ainda destaca-se, naquela matéria, que ”são os nomes mais conhecidos do público, como Antarctica, Brahma, Skol e Nova Schin”, e que “a análise sugere que essas marcas estão no limite da porcentagem de milho como matéria-prima para cerveja que a legislação nacional determina (45%) ou podem até tê-lo ultrapassado”.
Por outro lado, a pesquisa também identificou que algumas cervejas produzidas em pequena escala, possuem o teor de cevada que se espera de uma cerveja de qualidade, que é feita apenas com água, cevada e lúpulo, como determina a lei de pureza alemã.
A pesquisa é assinada por cientistas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da USP de Piracicaba, e da Unicamp, coordenado pelo cientista Luiz Antonio Martinelli, e foi realizada com método científico, denominada de “balança de átomos”.
A respeito da matéria, Sady Homrich, especialista em cerveja e colunista do caderno “comidas” daquele jornal diz que “o consenso entre os cervejeiros é que diminuir o teor de cevada acaba afetando a qualidade da bebida”, também que “a boa cerveja é a de puro malte de cevada”, porque pode-se explorar variações de sabor e aroma, vindas da secagem e da torrefação da cevada, afirmação esta que conta com a concordância deste que escreve.
Apesar do argumento dos fabricantes de que o milho deixaria a cerveja mais “leve”, Homrich diz que “a grande preocupação da indústria é diminuir os custos.
Segue, abaixo, relação das cervejas que foram objeto da pesquisa:
Cervejas com alto teor de milho: Antarctica, Antarctica Malzbier, Antarctica Original, Antarctica Subzero, Bohemia, Brahma Extra, Brahma Malzbier, Caracu, Crystal Malzbier, Glacial, Itaipava Malzbier, Kaiser Summer Draft, Nova Schin, Nova Schin Malzbier, Nova Schin Munich, Skol, Skol Beats.
Cervejas com alto teor de cevada: Baden Baden Golden Ale, Baden Baden Red Ale, Bavaria Premiun, Cevada Pura, Colorado Appia, Colorado Cauim, Colorado Demoiselle, Eisenbahn Pale Ale, Eisenbahn Rauchbier, Heineken, La Brunette, Paulistânia, Schmitt Ale, Therezópolis Gold.
Explicado, agora, porque nossa cerveja é considerada medíocre para os europeus?
Bem, que cada um tire suas conclusões. Eu já tirei as minhas...

(Fontes pesquisadas: Jornal Folha de São Paulo, edição de 06/10/2012, caderno ciência + saúde; www.mestre-cervejeiro.com; pt.wikipedia.org/wiki/cerveja; www.brejas.com.br)

Mapa da Borgonha


Mapa Detalhado de Bordeaux


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Angelo Rocca Morre em Acidente Aéreo





O tradicional produtor de Barbaresco Angelo Rocca, 64 anos, faleceu em um acidente no
avião que pilotava. Segundo informações o nevoeiro estava muito denso na região.
A vinícola Albino Rocca produz excelentes Barbarescos, entre eles  Ronchi, Ovello Vigna Loreto e Vigneto Brich Ronchi Riserva.
Angelo era conhecido por ser um entusiasta de carros velozes e pilotar aviões. Ele deixou 3 filhas já adultas, Daniela, Monica e Paola, todas elas trabalham na vinícola.

fonte: Decanter



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Danos Podem Levar a Menor Produção em 40 Anos na França


A produção de vinho na França, o maior produtor mundial, pode cair 20 por cento este ano, o mais baixo em pelo menos 40 anos após o tempo desfavorável e os danos causados por doenças nos vinhedos. A região de Champagne deverá ser a mais atingida.

A produção deverá cair para 40,6 milhões de hectolitros (1,07 bilhões de galões), de 50,9 milhões de hectolitros em 2011, conforme relatório publicado no site do Ministério da Agricultura em 04/10/2012. A um mês, a perspectiva havia sido reduzida para 42,9 milhões de hectolitros.

Os vinhedos da França sofreram com o frio e com a umidade durante o período de floração, além de mofo e fungos, e tempestades de granizo que destruiram as uvas na Borgonha e Beaujolais, junto a uma onda de calor de Agosto e um setembro seco que resultou em uvas menores, conforme o ministério.

"Todas as categorias de vinho terão declínio de produção em comparação com 2011", escreveu o ministério. "As estimativas de produção são particularmente complicadas este ano, devido à variação no peso da uva na maioria das vinhas."

A França exportou 7,17 bilhões de euros (9,31 bilhões dólares) de vinho e champanhe em 2011, respondendo por 13% da  exportação de alimentos do país. No primeiro semestre deste ano, os embarques de vinho aumentaram 14%, para 3,57 bilhões de euros, segundo dados do governo.

A Produção na região de Champagne deverá cair 40% após os danos da geada e os "particularmente virulentos" ataques de míldio e oídio, ainda segundo o ministério. A colheita na região começou no fim de setembro.

LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton SA (MC) é a maior fabricante mundial de champanhe com marcas como Moët & Chandon e Dom Perignon. Vranken Pommery Monopole-SA (VRAP) é a segunda maior, seguida pela Pernod-Ricard SA (IR) e Laurent-Perrier. (LPE)

Denominação Protegida
A França reduziu sua perspectiva de produção de vinho para 2012 pela terceira vez em alguns meses, de uma previsão inicial de produção de 46,7 milhões de hectolitros, em julho.

A produção de vinhos com denominação de origem protegida, conhecida por sua sigla francesa AOP, pode cair 15%, para 19,4 milhões de hectolitros, segundo o ministério. A produção de vinho para fazer destilados, incluindo Cognac e Armagnac pode cair 22%, para 6,81 milhões de hectolitros.

O volume de vinhos da AOP Champagne cairá 36%, para 1,82 milhões de hectolitros, de acordo com o relatório, em comparação com uma previsão anterior de queda de 26%. Borgonha e as apelações Beaujolais tem previsão de queda de 28%, para 1,78 milhões de hectolitros.

"Na Borgonha e Beaujolais, os vinhedos sofreram com vários eventos climáticos desde a primavera", escreveu o ministério, citando frutificação pobre, granizo repetido, doenças e estresse por calor.

Maior Produtor
Os volumes da região de Bordeaux cairão 4,5%, para 5,24 milhões de hectolitros, de acordo com o relatório. A região é a maior denominação de origem produtora francesa.

A França é o maior produtor de vinhos do mundo, seguido por Itália, Espanha, os EUA e a Argentina, de acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho, ou OIV. A Itália foi o maior exportador em 2011, seguido pela Espanha, França, Austrália e Chile, segundo as estimativas da OIV.

A produção de vinho da Itália pode ter queda de 8% este ano, para 39,3 milhões de hectolitros com os danos causados pela seca e pelo calor, conforme reportado pelo "Istituto di Servizi per il mercato agricolo e Alimentare" no mês passado.

fonte: Rudy Ruitenberg / Antoine Antoniol / Bloomberg- 4 de outubro de 2012

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Chateau D'Yquem faz a Colheita mais Atrasada dos últimos 20 anos



O Chateau D'Yquem, o mais famoso( e caro) vinho de sobremesa do planeta, começou a colher suas primeiras uvas na última segunda feira, 1º de outubro.
Francis Mayeur, diretor do Chateau, disse que semana passada choveu 50mm por 6 dias consecutivos, o que proporcionou que a " podridão nobre" surgisse em 50% das vinhas. " Nós apenas temos que esperar que a concentração de açúcares aconteça para que possamos colher até o final dessa semana" - disse ele.
Y'quem possui mais de 150 colhedores de prontidão, preparados para entrar no vinhedo no fim de semana a uma temperatura de 26º ao sol. Eles estão confiantes.
Antes das chuvas, Xavier Planty do Chateau Guiraud disse que muitas uvas começaram a se tornar ' passas" sem que ocorresse a podridão nobre, devido à seca que ocorreu desde agosto.
Na região vizinha Barsac, Aline Bayly do Chateau Coutet confirmou que iniciará a colheita uma semana após a maioria dos produtores de Sauternes. Ela alega que o desenvolvimento da botrytis está ocorrendo de forma muito lenta em suas uvas maduras.
Esse atraso ocorreu principalmente devido às noites frias de 5º C a 8º C. " No momento nós prevemos que a colheita se iniciará na segunda ou terça feira da semana que vem" 

fonte: Decanter


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Degustação de Vinhos da Córsega – SBAV SP



Por Rodrigo Mammana

A SBAV-SP em parceria com o Empório Sorio, realizou uma degustação com  jantar no agradável restaurante Pecorino, localizado nos Jardins. O Empório Sorio é especializado em produtos da Córsega, e os participantes puderam contar com uma excelente apresentação de Thierry Battistini ( nativo da Córsega) sobre a ilha francesa, rica em detalhes sobre sua história, cultura, geografia e é claro, da gastronomia e seus vinhos.  Os participantes tiveram 15% de desconto na compra dos produtos e foi sorteada uma garrafa do Domaine Pasqua tinto 2004.
A seguir as impressões sobre os vinhos:

·         Lips Rosé
Espumante não safrado elaborado com as castas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.
R$ 75,00
Elaborado pelo método de tanque, permanece em “sur lies” por 8 semanas.
Visual salmão claro, possui média intensidade aromática com notas de framboesas e cerejas, além da presença clara dos aromas de autólise das leveduras. No palato é frutado, boa mousse e acidez média para alta. Boa persistência e equilibrado, trata-se de um bom vinho para aperitivos.
·         Villa Angeli Branco 2010
Produzido na Costa Oriental da Ilha, pertence à AOC Corse, esse vinho é elaborado com 100% de uvas Vermentinu ( autócone da Córsega) e possui 12% de álcool.
R$ 83,00
Visual palha claro esverdeado, possui média intensidade aromática, com notas claras de limão siciliano.  Em boca é equilibrado, possui bom frescor onde se mantém as notas cítricas. Boa qualidade, possui uma mineralidade bastante característica da ilha. Um bom exemplo de como a casta se apresenta na Córsega.

·         Villa Angeli Rosé 2010
Também da AOC Corse, possui 12% de álcool e é elaborado com as castas Sciaccarellu ( 90%) e Grenache (10%).
Apresentou boa complexidade aromática com notas de cerejas vermelhas, toques defumados e minerais. Na boca é bastante fresco com sabores de framboesas, bom corpo, ótima acidez e equilíbrio. Vinho muito bom, agradou a todos.

·         Villa Angeli Tinto 2007
Também da AOC Corse, possui 12% de álcool e é elaborado com as castas Niellucciu (90%) e Grenache ( 10%)
Coloração rubi tendendo ao granada, boa profundidade.
Aromas de amoras maduras ,notas terrosas e animais. Boa complexidade. No palato é potente, rústico e tânico. Com boa persistência e acidez, é muito bom apesar de ainda estar muito jovem. Ótima companhia para os churrascos brasileiros.

·         Lips Muscat
Elaborado com as castas Muscat de Alexandria e Muscat Petits Grains pelo método de tanque, possui 9% de álcool. R$ 75,00
Apresentou aromas muito agradáveis de pera, marmelo e pêssego. No palato a pera madura prevalece, apresentou excelente equilíbrio e frescor. É um vinho exótico, muito bem feito e de ótima qualidade.

·         Domaine Pasqua Chardonnay 2004
Elaborado 100% com uvas Chardonnay, possui 11,5% de álcool. Colhido no final de setembro, é um vinho de colheita tardia de vinhas antigas com baixos rendimentos.
Coloração palha brilhante, apresentou aromas florais com toques de mel de laranja. Acidez correta, vinho sutil e elegante. Bem feito e equilibrado, uma boa alternativa aos Late Harvest do Novo Mundo que estão na moda por aqui.

Degustação Syrah Pelo Mundo


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Curso de Formação e Introdução ao Mundo do Vinho em novembro



Curso de Formação e Introdução
ao Mundo do Vinho em novembro
15/10, 22/10, 29/10, 5/11

Estão abertas as inscrições para a turma de novembro do
Curso de Formação e Introdução ao Mundo do Vinho.
Direcionado a quem está iniciando suas experiências na área, o curso aborda temas como a história da bebida, os tipos de vinho e vinificação, técnicas de degustação, compra com base nas indicações do rótulo, serviço, tipos de taça e harmonização com comida.
São 4 aulas conduzidas por especialistas no assunto, que unem teoria e prática, pois em todas elas há a degustação de vinhos. Na última aula, acontece a prática da harmonização de vinho e comida.

Confira o programa completo em www.sbav-sp.com.br

Faça já a sua inscrição!
Dias: 15/10, 22/10, 29/10, 05/11
Horário: 19h30
Local: Sala Miolo de Degustação, Rua Estados Unidos, 96
Valor:
  3 X R$ 150
Reservas: 11 3814-7905 ou vinho@sbavsp.com.br

Veja Como é Feita uma Barrica de Carvalho

Interessante vídeo nos dando uma boa ideia de como são produzidas as barricas para amadurecimento dos vinhos


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Amostra Online das Primeiras Páginas do mais Esperado Livro do Ano



O mundo do vinho espera ansiosamente o lançamento do monstruoso livro de mais de 1200 páginas " Wine Grapes", escrito pela MW Jancis Robinson, Julia Harding e Jose Vouillamoz . O livro surpreenderá muita gente, pois algumas afirmações antes tidas como certas cairão por água abaixo. É possível fazer a pré-reserva pelo site da Amazon, e enquanto ele não chega estão disponibilizadas as primeiras 35 páginas do livro gratuitamente online neste link

Entenda os Estilos dos Vinhos Alemães

Para a maioria das pessoas entender a classificação de vinhos alemães é uma tarefa complicada.
Esse desenho ajuda a ter uma boa ideia de como funciona.